Artigo elaborado por Marco Antonio Vasquez Rodriguez, sócio do VRL Advogados  (fev, 2022)

Na base da economia, há séculos prevalece o padrão de troca dinheiro versus mercadorias ou serviços. Os consumidores mais confiáveis do passado utilizavam a velha “caderneta”, depois substituídas pelos carnês. É muito recente, em termos históricos, o uso de tecnologias (cartão de débito, cartão de crédito, transferências eletrônicas disponíveis etc.) para a substituição da moeda e do papel moeda. O uso de cartão de crédito remonta ao ano de 1920, enquanto o cartão de débito a 1953. As transferências eletrônicas disponíveis (“TED”), no Brasil só tiveram origem em 2002.

Se tais tecnologias são recentes em termos históricos, quanto mais as criptomoedas, que remontam ao ano de 2009, quando o Bitcoin foi concebido. Embora na última década (em especial nos últimos dois anos) tenha ocorrido a popularização das moedas digitais e dos tokens (ativos digitais), a grande verdade é que a referida popularização ainda não atinge as grandes massas consumidoras. Em um primeiro momento, temos que a adesão à moeda digital não é uma realidade em grande escala, já que a aceitação das moedas digitais ainda é restrita entre fornecedores de bens e serviços. De outra parte, os custos de transação nas redes blockchain nem sempre compensam pequenos pagamentos pelo consumidor. Assim, as criptomoedas estão restritas a um pequeno grupo que investem na especulação de seus valores.

No entanto, há que se considerar que a pandemia do coronavírus voltou o mercado consumidor para o e-commerce. A virtualização de serviços que operam a partir de um simples smartphone foi acelerada com a pandemia, de modo que é plenamente possível a abertura de uma conta bancária sem comparecer a uma agência, como também por meio de um aplicativo é possível adquirir uma vasta gama de mercadorias e serviços, sem sair de casa. Neste cenário pandêmico, as criptomoedas explodiram em valor de capitalização de mercado, assim como várias aplicações são criadas dia após dia pela tecnologia blockchain, simplificando relações complexas por meio de contratos inteligentes.

Mas, o que o mercado consumidor de grande escala ainda não enxerga, embora já esteja à sua porta?

O mundo dos criptoativos é tão democrático que qualquer pessoa ou empresa pode criar a sua própria moeda, ou ainda, qualquer bem existente no mundo pode ser representado por um criptoativo (“token”). Imagine o infinito de possibilidades que esse conceito proporciona. Por exemplo, se uma empresa com 1.000 funcionários pagasse os salários de seus colaboradores com uma moeda própria, que por sua vez seria aceita em um ecossistema composto por fornecedores (supermercados, farmácias etc) e ainda pudesse ser trocada por outros ativos e moedas digitais dentro de um sistema intercambiável. Imagine, ainda, se uma rede hoteleira criasse uma moeda ou token próprio para as transações em seus hotéis, de modo que a pessoa que adquirisse tais tokens pudesse se hospedar em qualquer hotel da rede. Tais hotéis, poderiam, inclusive, criar um sistema de premiação, de modo a não só fazer circular seus serviços, como valorizar o próprio token. E ainda, imagine se as empresas de motoristas por aplicativo tivessem uma moeda própria, circulando em seu ecossistema de prestadores de serviços e consumidores, tal situação tornaria o sistema mais seguro para ambos.

As criptomoedas e ativos digitais são o futuro. Um futuro em que o dinheiro, tal como conhecemos hoje, deixará de existir. É questão de tempo, pouco tempo, para que o grande mercado consumidor venha aderir à tecnologia e migrar o padrão monetário para as moedas digitais. O empreendedor do futuro é aquele que já vislumbrou esse momento e já está se preparando para surfar nessa onda. É bom sempre lembrar que o trem da história sempre passa, mas poucos embarcam para fazer a diferença!

1 comentário em “Criptoativos: o que o mercado consumidor ainda não enxergou?”

  1. Muito oportuna mensagem por lembrar aos leitores que uma nova tendência está se cristalizando e vem para ficar e tornar mais fáceis, mais seguras, mais confiáveis e até mais prazerosas as transações comerciais. è bom pegar esta onda!!

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